Desenvolvido pelos americanos Toys For Bob, Crash Bandicoot: It´s About Time marca o regresso de um dos pequenos herois mais apreciados da década de 90, mas que, por vários motivos, ficou um pouco para trás na tabela classificativa dos jogos de plataforma.
Com alguns lançamentos menos bem conseguidos, Crash tem caído um pouco no esquecimento e It’s About Time surge como uma tentativa de o trazer de volta para a ribalta. Será que conseguiu?
Crash Bandicoot 4: It’s About Time é o primeiro jogo original de Crash Bandicoot depois de mais de uma década de ausência e foi desenhado a partir do zero, com o objetivo de trazer um reboot à série e de voltar a dar ao pequeno herói, as honras que merece.
História de It’s About Time
A ação de Crash Bandicoot: It’s About Time decorre imediatamente após os eventos de Warped, e após a vitória de Crash sobre Dr. Neo Cortex. No entanto, Cortex, Uka Uka e N. Tropy conseguem fugir da sua prisão e partem numa nova tentativa de dominar o Multiverso, através de portais de realidades alternativas.
Cabe a Crash, à sua irmã (Coco) e mais alguns amigos, a tentativa de impedir que os planos maquiavélicos de Cortex e Tropy se concretizem. E para tal contam com a ajuda preciosa de umas máscaras com poderes especiais, as Quantum Masks, que são as Guardiãs do Espaço e do tempo e que vão ser cruciais ao longo da aventura.
As Quantum Masks
A inclusão dessas máscaras é, uma das novidades mais impactantes e mais bem-vindas no jogo e que introduz em Crash Bandicoot It’s About Time inovação essencial para que o jogo não seja “apenas mais um”.
Cada uma dessas máscaras, surge em certos Mundos do Multiverso e tem poderes especiais que o jogador terá de saber dominar. Essas habilidades novas traduzem-se em novas mecânicas de jogo e obrigatoriamente, levam a ritmos e formas diferentes de jogar.
Por exemplo, um delas (Lani Loli), permite a Crash ou a Coco, fazer aparecer ou desaparecer elementos do cenário e assim ter acesso a certas zonas ou desbloquear novos caminhos, ou recompensas. Outra Máscara, a Ika Ika, permite dominar a gravidade… e mais não digo.
Modos de Jogo
Existem dois modos principais de jogo:
Modern – que permite jogar com regras mais modernas e não tão exigentes, como por exemplo, a existência de checkpoints que nos permitem retomar a partir daí.
Retro – mais exigente e à antiga, onde temos limite de vidas e quando morremos temos de começar do zero.
Depois existe ainda o Bandicoot Battle que permite competir frente a frente com até 4 jogadores.
As mecânicas
A jogabilidade de It’s About Time é tipicamente de um jogo de plataformas e quem conheça os restantes jogos Crash Bandicoot, certamente encontra pontos comuns. No entanto, a Toys For Bob conseguiu uma fórmula bastante inteligente de misturar elementos clássicos com novas mecânicas.
Os movimentos ao dispor dos nossos peludos amigos são os de sempre e funcionam na perfeição em cada nível. O inevitável Spin, o duplo salto, o salto esmagador, e o slide. Andar de barco, deslizar por tubos, saltar por paredes, ou apanhar cordas de Indiana Jones, são alguns exemplos de outras mecânicas que Crash, Coco e amigos terão de usar durante os níveis. Todos os movimentos encontram-se incrivelmente responsivos e só assim poderia ser.
Existem níveis em que, com o apoio de Lani Loli, temos de fazer aparecer obstáculos escondidos pressionando triângulo em pleno duplo salto e só com comandos responsivos seria possível implementar essas mecânicas.
Cada um dos 11 mundos existentes no Multiverso de It’s About Time, é único e apresenta vários níveis para serem ultrapassados. Mas mais importante ainda é o facto de cada um apresentar mecânicas e desafios diferentes, obrigando o jogador a adaptar a sua forma de jogar.
Algo que deixará qualquer jogador satisfeito é o de se sentir dentro de cada nível, que o próprio ritmo do jogo varia. Por vezes é mais rápido e intenso como quando deslizamos por uma canalização abaixo, para depois desacelerar numa secção de saltos entre plataformas. São mudanças de ritmo muito bem recebidas.
O jogo apresenta-se, ora num plano 2.5, ora num plano tridimensional e com perspetivas variadas. Isto quer dizer que, dentro de um mesmo nível, tanto podemos controlar Crash, Coco ou amigos, numa perspetiva lateral, como nos pode ser pedido que os controlemos a vir na direção do monitor a fugir de determinado inimigo.
Trata-se de uma inclusão bastante bem-vinda, permitindo variedade do desafio proposto ao jogador.
Uma palavra ainda para o facto de os níveis estarem muito bem desenhados, não só nos tipos de obstáculos que nos colocam, mas também porque, neste tipo de jogos é comum os jogadores avançarem, sem parar para observar. E, antecipando isso, os programadores criaram alguns caminhos muito bem escondidos…
A meio da aventura encontramos por vezes, alguns personagens conhecidos, como Tawna, por exemplo. Tawna tem uma jogabilidade completamente diferente de Coco e Crash, usando o pontapé como arma e quando um poderoso gancho, não só para eliminar inimigos como também para ultrapassar obstáculos. Existem mais personagens que entram em cena, mas o melhor é serem vocês a descobrir. Só é pena que não dê para jogar a aventura inteira com esses novos personagens.
Como principal aspeto negativo, gostaria de referir o sistema de saltos. Apesar de estar implementado um círculo amarelo que indica onde vamos cair após um salto, por vezes é difícil perceber exatamente e…
Por fim, ainda uma palavra para os combates com os bosses que, sendo exigentes, tornam-se também super divertidos. Por exemplo, um desses encontros coloca-nos a ultrapassar obstáculos ao ritmo da batida de bateria duma faixa de Heavy Metal.
Havia muito para se falar sobre a jogabilidade diferenciada em cada nivel. Não o vou fazer pois, Crash Bandicoot 4: It’s About Time é um jogo que merece a pena ser descoberto a jogar.
Cerejas no topo do bolo
Ao longo do jogo, It’s About Time apresenta pelos cenários algumas cassetes (as Flashback Tapes) que ao serem apanhadas permitem aos jogadores, acesso a versões antigas de Crash Bandicoot.
Essas Tapes permitem acesso a níveis novos, quando Crash ainda era uma experiência de Neo Cortex e tratam-se de níveis apresentando mecânicas um pouco diferente da do jogo principal e onde os jogadores têm de ter ainda maior destreza no controlo de Crash. São níveis bastante difíceis de completar, mas recompensadores no fim.
É tal a exigência destes níveis que, não apresentam nenhuma penalização com as mortes…
Veredicto
It’s About Time é um regresso ao passado, mas, sempre a olhar em frente, mantendo o ADN de Crash Bandicoot, mas injetando novas mecânicas e dinâmicas que se enquadram perfeitamente e fazendo deste um dos melhores jogos de plataformas que tivemos ocasião de jogar nos últimos tempos.
É caso para dizer, “Já não era sem tempo!”. Venham mais…
Crash Bandicoot 4: It’s About Time
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