A Polícia Judiciária fez uma apreensão de 12 milhões de euros que estavam dentro de uma carrinha estacionada em Lisboa. O valor foi considerado anormal para um carro estacionado em Lisboa, onde só se costumam encontrar três ou quatro milhões no porta-luvas.
“Acham pouco? Eu também me parece que se calhar não chega, já numa ocasião tive de pedir aos senhores da bomba para ir a casa buscar mais dinheiro”, perguntou Simplício quando foi abordado pelas autoridades, a quem explicou que estava na posse daquele montante porque ia proceder à liquidação do IUC e ao abastecimento da viatura.
Como seria de esperar, a Polícia Judiciária não aceitou os argumentos de Simplício, tendo respondido com outra pergunta, num estilo bastante policial: “Olha lá, se tu guardas o dinheiro na carrinha, quando tens de ir a algum sítio longe vais num cofre?”
Todos os colegas do inspector se riram, mas Simplício não percebeu. Quando deu por ele já estava no carro da Judiciária. “Eu se soubesse que me davam boleia, efectivamente não tinha tido a ideia de ir pôr gasóleo, mas do IUC não me safo, porque é este mês”.
Certo é que, com esta notícia de que há carros a circular com fortunas na bagageira, nunca mais ocorreu uma altercação no trânsito. Todos os condutores são agora bastante cordiais uns com os outros. “Não, passe o senhor, por favor, insisto, não, a sério! Eu não tenho pressa”, ouviu-se esta tarde num cruzamento. Os condutores ainda lá estão a esta hora.
“Por quem sois, chegou primeiro, eu venho da direita mas isso pouco importa, quero oferecer-lhe a minha vez”, acaba de afirma um deles. “Agradeço, mas não posso aceitar”, respondeu o outro, mantendo-se assim o impasse.
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