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Actividades de tempos livres (caça, pesca, teatro, dança,
desporto…)
Nos meus tempos livres gosto de pescar. Também gosto de ler, jogar
futebol de salão, e ver os noticiários, comentários e alguns filmes na TV.
Pesca
Gosto de pescar, não só pela qualidade do peixe que
trago mas também pelo desporto praticado - nunca
se está no mesmo local mais do que 60 minutos,
salvo raras excepções. Existem trutas, bogas, barbos
e outras qualidades de peixes, com sabores em nada
comparáveis com os mesmos que se compram por aí
e que são criados em viveiros. Se não for um dia propício para a pesca, e se
estiver calor, aproveito para tomar um banho refrescante e exercitar um
pouco os músculos.
A pesca que eu pratico é a pesca à linha. É necessário possuir uma cana de
pesca, com carreto, linhas, anzóis, iscas (engodo), e ser paciente.
No entanto só em 1984, já adulto, fui atraído para esta actividade lúdica,
então comprei o meu primeiro material que ainda hoje me acompanha nas
poucas idas à pesca.
Comprei então um canelon da marca “Sportex” com 5,50 metros de
comprimento, uma cana ligeira de que já não distingo a marca, e dois
carretos da marca “Mitchell” os modelos 498 e 4470, material de ataque,
sendo eu muito cuidadoso consegui chegar até agora com estas relíquias
em condições de levar à pesca com as peças compradas à menos anos. Não
devemos esquecer de juntar a este primeiro material uma parafernália de
outros acessórios indispensáveis e, a outros menos úteis, como os anzóis,
os destroce dores, as chumbadas, bóias, amostras, etc..
Com o conhecimento até então adquirido fui percebendo que para se pescar
nem tudo o que se vai comprando é estritamente necessário. No entanto,
só em 1984 a “paixão” por esta actividade de lazer tomou posse dos meus
momentos livres, não na totalidade, felizmente.
À altura com colegas de trabalho, saíamos ao fim de semana, ora ao
Sábado ou ao Domingo, raramente os dois dias, e por vezes durante a
semana ao fim da tarde, como trabalhávamos por turnos e no mesmo
turno, lá íamos em digressão pelos diferentes pesqueiros desde Cascais à
Praia de S. Julião, eram nossas a Azóia, o farol da Roca, Adraga, praia
Grande e Pequena, Aguda, Samarra, S. Julião e pelo meio os inúmeros
pesqueiros que ficam perto destas praias. É destas digressões que hoje
sinto saudades, era espectacular estar lá em baixo e ver cá em cima o Farol
da Roca, todo aquele silencio que nos rodeia, chegar à Aguda ou à Samarra
ainda de madrugada com a humidade e o frio a penetrar-nos através da
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roupa o corpo, mas valia pelo silencio e pelo peixe que se apanhava, umas
vezes sim outras não, mas valia sempre a pena.
O meu primeiro “peixão” foi
capturado no “lajão” da praia
da Aguda, em Sintra, numa
manhã de Primavera, eu e o
meu irmão, levantamo-nos de
madrugada como era hábito
nestas investidas de pesca,
ainda o sol não despontava, e
já nós descíamos as sempre
incomodas escadas da Aguda.
Chegados lá abaixo, como
éramos os primeiros, rumamos
para a esquerda da praia em
direcção ao “lajão”, nesse dia coberto de areia, e formando um areal
dentro e fora de água, com um bom fundão para se colocar a isca.
Aparelhei a minha “Sportex” à qual casei o “Mitchell 498” cheio de 0,45, na
época era assim fios grossos, um anzol 2/0 para robalos que cravei num
rabo de sardinha fresca comprada na praça a 50 escudos o quilo, uma
pechincha. Mas era assim, a isca que me acompanhava sempre, naquele
tempo, era a sardinha, por um lado era barata, por outro era e é, quanto a
mim ainda hoje, o melhor isco. Com isto não quer dizer que não levasse
outro, mas em pequena quantidade, liras de lula, buxo de polvo, umas
amêijoa, coisa pouca. Por vezes apanhávamos “tiagem” mas eu nunca fui
grande espingarda a iscar com tiagem, pelo que desistia cedo.
Bem por fim lá fiz o meu lançamento ainda o dia não tinha clareado.
Entretinha-me a empatar uns anzóis, quando surgiu um ruído intenso das
gaivotas a grasnar intensamente sobre o mar, logo de seguida senti uma
enorme chicotada da ponteira do canelon, seguido de um desenrolar
desenfreado da linha do carreto, de seguida repete-se tudo de igual modo.
Levantei-me com o coração bastante acelerado, e começo a recolher a
linha.
De principio tudo bem lá fui dando à manivela do carreto, mas sempre cada
vez mais pesado, até que tinha de ajudar recuando e avançando
rapidamente enquanto enrolava a linha até que o monstro chegou
finalmente a terra firme. Afinal não era assim tão grande quanto parecia,
andava pelos dois quilogramas. Este dia vou sempre recordar com imensa
saudade .
O aparelho era sempre o mesmo, linha de diâmetro 0,45 mm ou mesmo
0,50 mm, uma laçada dupla e dois nós, estralho a trabalhar entre estes dois
nó, baixada de 1 metro a 1,5 metros, e por último anzol 2/0 com a bela
sardinha cortada ao meio, uma vez iscava-se o rabo na outra vez a cabeça.
Farol do Cabo da Roca
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No fim passava-se por dentro da argola da chumbada de 120 a 150 gramas
a laçada final.
Durante muito tempo, digo mesmo desde sempre, o meu isco preferido foi e
será sempre a sardinha.
Não quero dizer que não use qualquer outro isco, como ganso, coreano,
casulo, amêijoa, lula, etc..
A sardinha servia para todo o tipo de pesca, quer cortadas ao meio, em
filetes, cortada ás postas, etc., para apanhar os robalos, safios, ou sargos.
Em 1986, apanhei na praia da Adraga, do lado esquerdo junto ao arco, um
baila e uma raia, ambos com cerca de 1,5 quilogramas, com o mesmo isco
de sempre, a sardinha.
Entretanto a vida foi sofrendo
alterações na disponibilidade
de cada um, todos havíamos
casado, e as novas
responsabilidades fizeram
com que o grupo se
desfizesse, a amizade não, e
cada um passou a ir menos
vezes à pesca.
Ainda fui algumas vezes com
o meu irmão. No entanto
ultimamente tenho ido
sozinho ou com outros amigos,
ou nas férias, mas poucas vezes.
Quando vou sozinho opto por pesqueiros de praia, praia da Adraga, ou
procuro a companhia de um amigo para pesqueiros mais difíceis onde não
se deve ir sozinho.
Na primavera vou ver o pôr-do-sol à praia da Adraga, pois como, sou
funcionário municipal e tenho horário de plataforma fixa posso sair uma vez
por outra ás 16,30 horas, o que na primavera com os dias a crescer e a
mudança de horário me permite estar à pesca cerca 5 a 6 horas, incluindo
algum tempo nocturno.
Outras vezes lá tiro um sábado ou um domingo para desafiar um amigo
para uma surtida até à praias da Aguda, de Samarra, de S. Julião ou
mesmo pesqueiros mais complicados como Cavalinhos, ou a Ribeira da
Mata, etc..
Mas já nada é como dantes, em que víamos nascer o sol e o sol a pôr-se,
por vezes na solidão de um qualquer pesqueiro surgia o ruído de uma
qualquer aeronave a cortar o mesmo, numa qualquer praia desta costa
atlântica no litoral sintrense.
Praia da Adraga
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